
Decididamente, tem algumas coisas que são mais fáceis para os homens do que para as mulheres. Coisas que, como se viessem registradas no DNA masculino, eles fazem com infinitamente mais facilidade do que nós, mulheres.
Não, eu não estou falando sobre carregar caixas, abrir vidros de palmito e nem tampouco sobre parafusar prateleiras. Refiro-me a questões mais corriqueiras. Quem de vocês já reparou a destreza e rapidez com que eles encontram uma programação bacana – pelo menos do ponto de vista deles – na grade de mais de 200 canais da TV a cabo? Ou a tranquilidade com que conseguem se sentar diante dessa mesma TV com um bebê recém-nascido berrando no colo. Sim, porque “não é porque o bebê quer que o pai fique em pé que ele vai ficar”, né? Senta-se e, com uma facilidade invejável, abstrai o choro e assiste à programação normalmente. Até que a gente, incomodada com o berreiro, vai lá e resgata o pobre bebê.
Mas uma das coisas que os homens fazem com mais facilidade e que, confesso, me dá uma inveja daquelas, é dormir. Deus do céu! Eles dormem como se há séculos não o fizessem. Na praia, na sala, na casa da mãe, do sogro, no carro, no avião... Não importa onde estejam, se a oportunidade surgir, eles agarram sem medo - e muito menos vergonha.
Dia desses, estávamos na praia, em meio a conversas, crianças (sim, tinha criança pra cuidar), caipirinha e sol. Estranhei que o @fabiobbarros estivesse imóvel em uma posição pouquíssimo confortável por tanto tempo. Só podia ser: estava dormindo! Vou tentar descrevê-la aqui para que vocês entendam o meu espanto. Ele estava sentado em uma dessas cadeiras de barracas de praia, normalmente vermelhas (da Brahma) ou amarelas (da Skol), duras e sem nenhuma inclinação, sabem? O braço esquerdo erguido, dobrado de forma que o antebraço ficou apoiado sobre a cabeça, pernas cruzadas e o braço direito apoiado sobre o braço da cadeira. Óculos de sol pra dar aquela disfarçada básica. Visualizaram? Agora eu pergunto: como alguém consegue dormir desse jeito, nessa posição?
Outra situação engraçada, não fosse pelo medo que eu passei, foi a caminho das nossas férias em San Francisco. No primeiro trecho da viagem – um vôo de nove horas – ele dormiu por pelo menos sete horas. Acordou pra comer e para preencher formulários de imigração. E só! Só mesmo! Em um determinado momento, o avião passou por uma turbulência que eu nunca, nunca havia sentido. Fiquei desesperada, a ponto de achar que estávamos caindo. “Morzão, meu, acorda! Tô com muito medo!” Ele, exatamente nesta ordem, entreabriu os olhos, pegou na minha mão, disse “calma, Morzão, não é nada”, virou-se e continuou dormindo! Como assim?! Como alguém consegue dormir com o avião sacudindo daquele jeito?
Agora, como eu não consigo dormir e já não aguento essa viagem – estamos na quinta hora de vôo do segundo trecho a caminho de San Francisco –, decidi abrir o computador para escrever. E, enquanto eu escrevo este texto, espremida entre uma senhora simpática – mas rechonchuda – e o Fábio, ele, claro, dorme o sono dos justos. E, seguramente, não terá nenhuma dificuldade para dormir a noite. Não há jet lag ou diferença de fuso horário que lhe tirem o sono!